Recessão técnica não preocupa e deve abrir espaço para corte de juros, avalia André Valério (Inter)
O economista sênior do Inter, André Valério, afirmou que a possibilidade de o Brasil entrar em recessão técnica no fim de 2025 é alta, mas não deve ser motivo de alarme. Segundo ele, esse movimento seria mais uma consequência estatística do aperto monetário do que um sinal de fragilidade estrutural da economia.
“Recessão técnica, como o próprio nome diz, é apenas uma tecnicalidade. Ela se caracteriza por dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB frente ao período imediatamente anterior. Isso não significa necessariamente que a economia está em crise”, explicou Valério, em entrevista ao programa Mercado, da VEJA.
De acordo com o economista, ainda que essa possibilidade se confirme, o PIB anual seguirá positivo em 2025, com avanço estimado de 2%. Para 2026, a expectativa é de continuidade da expansão, em torno de 1,8%, sustentada por dois fatores:
Política monetária: o Banco Central deve iniciar o ciclo de cortes de juros entre o fim deste ano e o início do próximo, reduzindo o impacto do aperto atual.
Política fiscal: por ser um ano eleitoral, é esperado maior impulso nos gastos públicos, o que tende a estimular a demanda interna.
“Estamos com a taxa de juros no maior patamar desde 2006, a 15%. A expectativa é que o Banco Central comece a flexibilizar na virada do ano ou, no mais tardar, no 1º trimestre de 2026. Isso deve aliviar a pressão sobre a atividade e evitar uma recessão mais profunda”, concluiu Valério.
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