Pressões políticas sobre Banco Central criam ruído, mas risco é baixo, avalia André Valério
As recentes ameaças de interferência na autonomia do Banco Central — seja por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já fez críticas públicas ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto, ou por projetos discutidos no Congresso — voltaram ao radar dos investidores.
O economista sênior do Inter, André Valério, avalia, no entanto, que o risco de impacto imediato é limitado. Segundo ele, a proposta que prevê até mesmo a possibilidade de demissão de diretores do BC pelo Congresso tem baixa probabilidade de avançar.
“É um risco no radar, mas não nos preocupa tanto neste momento. Essa prerrogativa é do Senado e dificilmente será compartilhada com a Câmara. Há resistência política, e acreditamos que não teria tanta tração”, afirmou Valério em entrevista ao Mercado, da VEJA.
Apesar disso, ele pondera que qualquer sinal de avanço no Legislativo pode provocar efeitos nocivos sobre os mercados:
Abertura da curva de juros futuros, com investidores exigindo mais prêmio para financiar a dívida pública.
Pressão sobre o câmbio, diante da percepção de maior risco institucional.
Alta do prêmio de risco país, com impacto em investimentos estrangeiros.
Valério lembrou ainda que a pressão política recente tem relação com temas regulatórios, como a aprovação da aquisição do Banco Master pelo PRB, autorizada pelo BC nesta semana. “Em parte, essa autorização também foi uma resposta à pressão, sinalizando normalidade institucional”, completou.
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