Estados Unidos seguem como potência dominante, China perde fôlego e Rússia amplia ambições. No programa Mercado, da revista VEJA, a apresentadora Veruska Donato conversa com o economista e doutor em Relações Internacionais Igor Lucena sobre o novo equilíbrio da geopolítica global, em um mundo cada vez mais dividido entre EUA, China e Rússia.
Igor afirma que, ao contrário do senso comum, não há uma corrida direta para “ser o maior país do mundo”. Segundo ele, os Estados Unidos devem manter a liderança global por décadas, mesmo enfraquecidos. “Os EUA são a única nação capaz de usar, ao mesmo tempo, cinco fontes de poder”, explica, citando o poder financeiro (dólar), econômico, diplomático, cultural e militar.
A análise mostra que a China não tem interesse em se tornar a “polícia do mundo”. O foco de Pequim está na Ásia e em seus problemas internos, como o crescimento abaixo do divulgado oficialmente, a redução do bônus demográfico, a crise no setor imobiliário e a crescente interferência do Partido Comunista na alocação de capital. “A China cresce menos do que diz”, afirma Igor, ao apontar que o país está mais distante de ultrapassar os EUA como maior economia global.
Já a Rússia, segundo o especialista, busca expandir território e reconstruir sua zona de influência no Leste Europeu, o que acabou fortalecendo a OTAN, com a entrada de Suécia e Finlândia. Igor observa que, apesar das divergências, os interesses de EUA, China e Rússia muitas vezes convergem, como no caso da Venezuela, que vem sendo gradualmente abandonada por Pequim por não valer o risco de confronto direto com os americanos.
O economista também desmonta a tese, popular nos anos 2000, de que a China substituiria os Estados Unidos como potência global. Para ele, o cenário mudou: “A China perdeu o caminho, enquanto os Estados Unidos estão reencontrando o seu”, afirma, destacando o peso da reindustrialização americana e dos indicadores de produtividade.
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