Julgamento da trama golpista no STF pode pressionar dólar e acender alerta para novas sanções dos EUA
O julgamento da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro à prisão em regime fechado — ele já cumpre prisão domiciliar —, não é apenas um episódio político. O processo também pode gerar repercussões econômicas relevantes, sobretudo no câmbio e na percepção de risco do Brasil.
Nos mercados, a dúvida é se a decisão final do STF pode influenciar a entrada de capital estrangeiro, que em agosto superou R$ 1,1 bilhão na Bolsa brasileira, demonstrando apetite renovado de investidores internacionais.
Segundo o editor de VEJA Diogo Schelp, o caso pode até esquentar o cenário de sanções impostas pelos Estados Unidos, sobretudo após autoridades americanas admitirem que o “tarifaço” contra exportações brasileiras tem motivação política:
“O governo americano já deixou claro para empresários brasileiros que o tarifaço é fundamentalmente político. E esses empresários ouviram de autoridades do Departamento de Estado que deveriam pressionar o lado de Bolsonaro para que o governo brasileiro fizesse alguma coisa — o que, obviamente, não é possível.”
Apesar da tensão, Schelp avalia que os investidores seguem relativamente tranquilos. Isso porque:
Impacto limitado nos EUA: o tarifaço elevou preços de itens essenciais no mercado americano, reduzindo espaço para medidas mais duras contra o Brasil.
Reação do governo brasileiro: o Planalto montou programas de apoio a setores mais atingidos e reforçou negociações diplomáticas para abrir novos mercados.
Atrativos domésticos: taxa de juros em patamar elevado e fundamentos fiscais ainda são fatores mais determinantes para os fluxos estrangeiros no país.
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