Plantar árvores é plantar água. Esse é o lema do advogado e fazendeiro Wilfrido Marques, que decidiu transformar sua fazenda em Cristalina (GO) em um exemplo de recuperação ambiental. Convencido de que o Cerrado enfrenta um colapso hídrico, ele já plantou 100 mil árvores nativas em torno de nascentes que alimentam o Rio São Francisco, o Velho Chico.
As mudas de ipê, buriti e pequi recebem hidrogel, tecnologia que retém água nas raízes e aumenta a resistência das plantas durante as estiagens prolongadas. “Restaurar a mata nos locais onde há nascentes é como plantar água. Cada árvore ajuda a reter a chuva, faz a água infiltrar na terra e garante que rios e aquíferos continuem vivos”, diz Marques.
Os resultados são animadores: o volume de água das nascentes da região aumentou em 40%, beneficiando rios como o Paracatu e o Preto, que deságuam no São Francisco. Esse ganho também impulsiona a economia local: “O fluxo extra nos permitiu colher três safras por ano, algo inédito antes do projeto”, conta o fazendeiro.
Mas a realidade é dura. O São Francisco perdeu 60% da vazão nas últimas três décadas. Desde 1991, ele perdeu em média 950 metros cúbicos de água por segundo. “A retração tem múltiplas causas, mas todas convergem para o desmatamento do Cerrado”, alerta Maciel Oliveira, diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Na foz, entre Alagoas e Sergipe, a redução do fluxo permite que o mar avance sobre a água doce, um fenômeno conhecido como salinização. “Esse processo destrói a fauna, a flora e ameaça o consumo de água pelas populações locais”, explica Oliveira.
O desmatamento no Cerrado é o pano de fundo dessa crise. Desde 1985, o Brasil destruiu 38 milhões de hectares de vegetação nativa, metade da área original do bioma. Em regiões de recarga hídrica, a perda chega a um terço. “Sem árvores, a chuva não consegue infiltrar, os aquíferos recarregam lentamente e os rios secam”, alerta Valdir Dias, biólogo e coordenador de projetos de restauração.
Para enfrentar o desafio, surgiu o Projeto Pró-Águas, do Instituto Espinhaço, com apoio da Unesco e de empresas como BP, State Grid e Anglo American. “Desde a pandemia, o setor privado passou a investir na segurança hídrica, reconhecendo a água como elemento vital para a conservação”, afirma Sérgio Nésio, diretor do instituto.
O programa entra agora em uma nova fase: o Plantando Águas para o São Francisco, que prevê R$ 1 bilhão para o plantio de 15 milhões de árvores em quatro sub-bacias — Jequitaí, das Velhas, Pará e Paraopeba — além da recuperação do Rio Urucuia, responsável por 80% da vazão do São Francisco durante a seca.
“O Cerrado enfrenta um colapso hídrico, e cada ação de restauração é um passo para evitar o pior”, diz Marques. Já Valdir Dias reforça: “Diante da gravidade da situação, não é viável recuperar tudo que gostaríamos. Por isso, mapeamos áreas estratégicas para potencializar os resultados”.
Com nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais, o São Francisco percorre 2.830 km até o Atlântico, atravessa cinco estados, conecta Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, abastece 15 milhões de pessoas e move oito hidrelétricas. A sobrevivência do Velho Chico é também a sobrevivência de quem dele depende.
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