Mais de 400 brasileiros estão na lista de espera por um transplante de coração. Muitos desses pacientes permanecem internados em hospitais distantes das suas famílias enquanto aguardam a cirurgia que segue uma ordem rigorosa de prioridade. Entre os que já passaram por essa experiência está Maycon, que aos 29 anos recebeu um novo coração há sete meses e celebra a chance renovada para viver ao lado das filhas.
A longa espera pode ser decisiva para o destino dos pacientes. De acordo com Álvaro Paiva, cardiologista do Hospital Moriah, aqueles com insuficiência cardíaca têm uma expectativa média de vida inferior a cinco anos sem o procedimento. A extensão da fila significa que muitos não sobrevivem até chegar sua vez.
Atualmente, mais de 47 mil pessoas no Brasil esperam por algum tipo de órgão transplantável; dentre elas, cerca de 440 enfrentam o desafio adicional associado ao transplante cardíaco — considerado um dos mais complexos devido às exigências logísticas e compatibilidade entre doador e receptor.
Carlos e André são dois desses pacientes que compartilham quarto hospitalar além da esperança pela recuperação plena. Carlos deixou sua família em Alagoas na expectativa pelo retorno após o procedimento cirúrgico necessário para salvar sua vida. Ambos vivem diariamente preparados para receber notícias sobre seus futuros corações novos.
O tempo é crucial nesse processo: médicos dispõem apenas quatro horas desde a retirada até a implantação do órgão no paciente receptor. O critério principal utilizado na seleção prioritária é o estado clínico crítico do paciente candidato ao transplante.
Próximos aos aniversários pessoais durante esse período difícil, Carlos e André desejam como presente ouvir dos médicos as palavras ansiosamente aguardadas: “chegou seu momento”. Eles sonham todos os dias com a possibilidade realista mas ainda distante — voltar à normalidade cotidiana junto às suas famílias após receberem seus novos corações.
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