Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo, tão sozinhos. Em entrevista a Deu Tilt, apresentado por Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes, o psicanalista Christian Dunker explica que o sentimento de solidão vem crescendo em escala global, e é bem diferente da solitude, a capacidade saudável de estar consigo mesmo. O que vemos hoje é uma mistura de FOMO (medo de ficar de fora, na sigla em inglês), isolamento e exclusão. Mas essa sensação não é incompatível com o aumento da sociabilidade, pelo contrário: quanto mais expandimos nossas interações, mais percebemos que somos apenas mais um indivíduo entre tantos outros. Colecionar “um milhão de amigos”, ainda que não seja possível se dedicar a eles, serve somente para polir nossa imagem, gerando o que Dunker chama de “economia da inveja”. Ou seja, vivemos versões editadas de nós mesmos para exibir ao público. É da inviabilidade de sustentar isso que aparecem sintomas como a depressão e a ansiedade. Transformado praticamente numa extensão do nosso corpo, o telefone celular cumpre um papel central nessa equação. A partir daí, surge a pergunta: o celular sequestra as funções do nosso cérebro ou amplia os poderes humanos? Afinal, seu uso constante elimina qualquer possibilidade de pausa ou respiro, elementos essenciais para o ser humano. Para Dunker, o problema não está no aparelho em si, mas na forma como ele tem sido utilizado. Esse cenário ainda traz outro efeito colateral: uma incapacidade crescente de lidar com frustrações. Se tudo é imediato, se a exposição é constante, falta espaço para processar ausências, elaborar falhas e sustentar relações com mais profundidade.
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